100%

Nosso instinto de defesa sempre faz com que tentemos nos desvincular rapidamente de qualquer problema.

É comum, perante qualquer situação delicada, mal investigada, ouvirmos a frase:

- isso é falha de comunicação.

E de quem é a culpa:

( ) Do responsável pelo departamento de comunicação?

( ) Dos veículos de comunicação?

( ) Dos chefes que não divulgaram as suas equipes como deveriam?

( ) De todos, pois se a informação não vem, você deve buscá-la?

Certamente cada caso é um caso e todas as variáveis devem ser analisadas, mas procurar o culpado é o menos importante no momento de enfrentar o problema. As falhas do processo devem sim ser posteriormente averiguadas, mas com o objetivo de aprimorar e não de punir.

O que precisa ficar claro é que saber se comunicar bem é uma competência que todos devem desenvolver. Uns terão mais habilidades que outros para falar ou escrever.

Segundo Dave Ulrich, autor de “Recursos Humanos Estratégicos”, um dos mestres que ajudou a repensar a área de RH, saber se comunicar bem é uma das competências do bom profissional, de qualquer área, em qualquer segmento seja na micro, pequena, média ou grande empresa.

Nas pequenas, o grau de informalidade e proximidade compromete a comunicação quando normalmente as pessoas supõem que todos sabem de tudo, sempre “alguém” deveria ter contado.

Nas grandes, as traduções prolixas que são repassadas via e-mail, normalmente longas, não são convidativas à leitura.

Enfim, os fatores são diversos e as desculpas infinitas. O que precisamos é nos aprimorar como seres que lêem, escrevem, falam e ouvem. Precisamos explorar todos os nossos sentidos.

Isso não significa que os departamentos e os profissionais de comunicação tenham menos responsabilidades. Ao contrário, são os agentes que devem proporcionar esta mudança de comportamento.

Em cursos ou palestras percebo na plateia uma certa expectativa sobre qual seria a fórmula mágica para melhorar a comunicação nas organizações. A resposta está em cada um de nós. O que eu faço para melhorar a comunicação? É preciso entender qual é a falha para poder corrigir.

Nós precisamos evoluir com a modernidade que criamos. Nós derrubamos as paredes dos escritórios para nos relacionarmos melhor e acabamos por nos enfiar no computador e enviarmos mensagens aos nossos vizinhos. Criamos a tecnologia para nosso conforto e criamos um outro problema, começamos a emudecer, estamos perdendo o contato.

Uma coisa não invalida a outra, só precisamos evoluir também. Estamos aprendendo a nos comunicar. Desde Gutemberg até Bill Gates, se pensarmos em história de mundo, as mudanças foram, como dizem os alunos, “mega ultra giga power rápidas”. No Brasil, assim como em outros países vizinhos, passamos pelo período em que não podíamos falar. De repente, não só podemos, como também temos toda tecnologia à disposição em tempo real para nos auxiliar.

A comunicação pressupõe ação. Enviar mensagens não significa que elas sejam lidas e/ou compreendidas. Quantos e-mails você deleta por dia? Dos e-mails que envia, quantos imagina que sejam deletados ou desprezados? E por quais razões o seriam?

Como disse José Saramago:

“Na comunicação direta intervém o olhar, o cheiro, a presença física. Em uma carta pode ainda conter uma lágrima, mas o e-mail nunca pode ir acompanhado de emoções.”

A boa comunicação corporativa precisa de relacionamento e de comprometimento. Somente desta forma ela evolui para o entendimento e consequentemente em resultado. Se a situação só permite a comunicação virtual, invista no feedback. Tenha certeza que sua mensagem foi compreendida.

E:

“Quem não se comunica, se istrumbica.”

Abelardo Barbosa

(Chacrinha)

Denise Monteiro

Jan/2010